Introdução
Um dos principais produtos do jornalismo
é, sem dúvidas, a notícia. Esse tipo de texto é o mais básico da área e é por
esse que muitos universitários iniciam a jornada na profissão. Muitos autores
consideram a notícia como a matéria-prima do jornalismo.
Assim como nas redações, as assessorias
de imprensa também utilizam esse recurso como forma de divulgação de certos
acontecimentos. Ou seja, a notícia tem o objetivo de tornar um fato público,
seja por interesse da própria organização – no caso das assessorias -, por
interesse do público ou até mesmo por conta dos patrocinadores – tanto as
organizações quanto às redações estão sujeitas a essa situação.
Pena (2007) explica que no dia-a-dia das
redações, há vários fatos que chegam ao conhecimento dos jornalistas, mas não
são todos que são veiculados, ou seja, apenas uma parte vira notícia. Da mesma
forma, rotineiramente, a assessoria sabe de muitos acontecimentos dentro da
organização, mas não é de interesse dela publicar sobre tudo. Diante dessa
conclusão, pode-se questionar como um fato se torna notícia.
Tanto nas redações quanto nas
assessorias, alguns aspectos são analisados para verificação do valor-notícia
de um acontecimento. Dessa maneira, o fato deve obedecer alguns critérios para
se tornar notícia. Essa é a teoria do newsmaking,
a qual também é abordada neste trabalho. Erbolato (1978) cita alguns critérios
que faz um acontecimento tornar notícia, como proximidade, impacto, raridade,
progresso, sexo e idade, interesse humano, oportunidade, dinheiro, originalidade,
repercussão e culto de heróis.
Diante dessas informações, é fundamental
explicitar alguns pontos presentes na obra Assessoria
de Imprensa e Relacionamento com a Mídia, especificamente no artigo A Notícia Institucional, para se
entender mais sobre a notícia institucional.
A
notícia institucional
1-
História
O capítulo é introduzido com um fato
histórico que marca o surgimento e consolidação das assessorias de imprensa. É
importante citar esse fato para entender melhor o cenário atual. William Vanderbilt,
empresário de uma companhia ferroviária, ao prestar esclarecimentos sobre a
paralisação do serviço a um repórter afirmou a seguinte frase: “o público que
se dane!”.
Essa frase é um marco na história das
assessorias, pois mostrava como funcionavam as organização diante de tempos de
crise e revelava o relacionamento das mesmas com o público e com os próprios
jornalistas. Atualmente, até as pequenas empresas já sabem a importância de
estarem presentes na mídia e estarem constantemente em contato com o seu
público alvo. Portanto, a frase citada hoje é totalmente inaceitável. E para
que isso não aconteça as organizações cada vez mais dedicam renda e espaço para
o setor de comunicação.
2-
Agenda-setting:
A autora apenas cita o conceito de agenda-setting, mas conhecer um pouco
mais sobre essa teoria é primordial para estudar a notícia em geral e a notícia
institucional. Segundo o livro, são os veículos de comunicação quem determinam
quais os acontecimentos merecem a atenção e se tornam notícia. Normalmente,
esses assuntos fazem parte do interesse público. Por exemplo, em época de
carnaval os jornais se pautam para falarem sobre alguns temas específicos como
trânsito, escolas de samba e clima.
Dessa forma, a organização já consciente
desse conceito pode aproveitá-lo para ter maior visibilidade na mídia. Diante
de assuntos já pré-determinados, a assessoria de imprensa
da empresa pode encontrar meios para encaixar a “divulgação” de determinado
tópico de interesse da organização na pauta dos meios de comunicação de massa.
Por exemplo, uma empresa de táxis pode associar o serviço a uma alternativa
segura em feriado de carnaval, devido ao número de acidentes ocasionados na
época e a tradição do brasileiro de festejar consumindo bebidas alcoólicas.
3-
Notícia
Vale relembrar o que é notícia antes de
entender o conceito de notícia institucional. O capítulo cita a definição do
Dicionário de comunicação: “[...] o relato de fatos ou acontecimentos atuais,
de interesse e importância para a comunidade, capaz de ser entendido pelo
público” (MONTEIRO, 2003, p. 143)
Para se tornar notícia o fato tem que
respeitar alguns critérios de noticiabilidade ou ter valor-notícia (teoria do newsmaking). Alguns desses critérios
são: proximidade, atualidade e continuidade. Portanto, os acontecimentos que
não possuem valor-notícia não se tornam público, não viram notícia. Dessa
forma, o jornalista no momento em que decide a pauta sobre o qual produzirá uma
notícia, deve sempre lembrar desses critérios.
É importante ainda destacar que notícia
é diferente de reportagem. A notícia é um texto breve que resume os
acontecimentos através do Lead (técnica utilizada no primeiro parágrafo do
texto – responde às questões: O quê? Quando? Onde? Quem? Como? Por que?). Já a
reportagem é um texto mais elaborado que aprofunda o assunto, normalmente, sob
diversos pontos de vista envolvidos na história.
4-
Happening
Monteiro (2003) explica a visão dos
autores Molotch e Lester (TRAQUINA, 1993, p. 34 apud MONTEIRO 2003, p. 145)
sobre a dinâmica de funcionamento da notícia institucional. Pala eles as
notícias são happenings, ou seja elas
dizem o que a maioria das pessoas não presenciam.
Ainda segundo eles, para transformar um
acontecimento em notícia, o fato passa por agências, formados por indivíduos ou
grupos, os quais permitem a construção o próprio acontecimento. A primeira
agência é formada pelos news promoters que
são quem identificam uma ocorrência como especial, que seriam os próprios
jornalistas ou editores. Posteriormente há os news consumers que são aqueles que consumem a notícia, ou seja, o
próprio público.
5-
Notícia
Institucional
A notícia institucional surge como uma
oportunidade de visibilidade para as organizações. Como o livro explica, é o
momento em que as ocorrências institucionais se transformam em acontecimentos
públicos. É uma ação significativa para a empresa, pois pode ser o primeiro ou
único momento que alguns indivíduos têm contato com a organização.
A autora ainda cita que é através da
notícia institucional que as organizações são lembradas pela imprensa. É por
meio dessas notícias que cria-se um vínculo com veículos e jornalistas. Esses
profissionais (jornalistas e assessores) reconhecem (ou deveriam reconhecer) o
quanto o trabalho de um é importante para o outro. O assessor está interessado
na publicação da matéria sobre a instituição para o qual trabalha. E
trabalhando em conjunto, o jornalista pode ser beneficiado com um furo
fornecido pela empresa, ou uma entrevista exclusiva, que beneficie o veiculo
para qual trabalha.
6-
Presença
na mídia
Estar na mídia é fundamental para a
continuidade e crescimento das instituições. A autora relembra Corrado (1994,
p. 150 apud MONTEIRO, 2003, p. 147) que afirma que as organizações têm que se
envolver com a mídia para atingir os públicos formadores de opinião que
orientam as políticas públicas e as ações políticas.
Quanto a importância de se trabalhar a
imagem da instituição, o autor citado compara a imagem com as questões
públicas. Ele afirma que ambas afetam diretamente o negócio da instituição. E
para comprovar esse fato basta se lembrar de alguns recursos que os assessores
costumam utilizar, como o media trainining (“treinamento” do assessorado para
receber a mídia).
7-
Empresas
públicas x empresas privadas
Conrado (1994, p. 153 apud MONTEIRO,
2003, p. 147) ainda diferencia as estratégias da presença na mídia das
instituições públicas e das privadas. Para ele, o setor público tende a
publicar informações por ser um mecanismo de prestação de contas à sociedade,
devido a cobrança de impostos. Porém, Monteiro (2003) questiona essa afirmação
e vai além ao esclarecer que a divulgação de notícias pelas instituições
públicas é uma forma de estabelecer e fortalecer relações entre governo e
cidadão, ou seja, exercer a democracia.
As instituições privadas, segundo o
autor, não possuem obrigação de manter contato com a mídia, mas como foi
explicitado anteriormente, é importante o contato constante com a mídia.
Atualmente, uma empresa que ignora os jornalistas, certamente está fadada ao
fracasso. A autora ressalta esse ponto e afirma que a presença da mídia é
fundamental para a conquista do apoio da opinião pública, e ainda, a
sobrevivência no mercado.
8-
O
que é notícia institucional
Como foi explicado anteriormente, a
notícia institucional também obedece aos critérios de noticiabilidade, porém é
importante lembrar que ao publicar uma notícia a empresa promove uma ocorrência
para o público os fatos que considera importante. E é através de um texto
jornalístico que a instituição possui caráter de imparcialidade, ou seja, ganha
credibilidade. Vale lembrar que é diferente com uma peça publicitária, já que o
público reconhece facilmente que os pontos abordados são apenas os positivos e
os que beneficiam a própria empresa.
A notícia institucional pode surgir de
duas maneiras. A primeira é quando o jornalista procura o assessor e a segunda
é quando a instituição procura o jornalista.
Para construir uma notícia
institucional, o assessor deve ter em mente alguns cuidados. Não publicar
informações sigilosas e dados que podem causar dados à credibilidade da
instituição são fundamentais para a continuidade da organização no mercado.
Portanto, a notícia institucional é o texto que trabalha com os interesses da
empresa.
9-Estratégias
São várias as estratégias para a
instituição aparecer na mídia. A assessoria de imprensa
é responsável por criar e manter o contato com os veículos de comunicação. Um
desses meios é a produção e envio de releases à imprensa. Releases são textos
que resumem um acontecimento que a instituição quer promover visibilidade. Esse
texto serve como um ponto de partida para o jornalista pesquisar mais sobre o
assunto, entrevistar as fontes envolvidas e depois, escrever a notícia.
Há também a “apropriação”, como a autora
menciona, dos critérios de noticiabilidade. Dessa forma, os assessores
transformam acontecimentos rotineiros da instituição em notícias. Há sempre a
possibilidade de fornecer entrevistas, coletivas ou individuais, normalmente
para esclarecer um acontecimento ou promover uma novidade da organização, como
uma parceria com outra marca, por exemplo.
10- O
“novo”
A novidade pode ser considerada um
valor-notícia. Dessa maneira o que é considerado novidade é um tipo de “novo”.
A segunda maneira de analisar algo como
novo é, por exemplo, o resultado parcial de um projeto. Podem ser fatos novos
que ocorrem em projetos antigos (podem ser já conhecidos da mídia). Ou seja,
algo que está em processo, em andamento, promove uma novidade, um outro
resultado.
O terceiro tipo de “novo” é a associação
desse termo em algo já antigo. A autora cita o caso do aparelho celular. Quando
surgiu a oportunidade de escrever mensagem, o aparelho já telefonava.
Conclusão
A autora do artigo analisado, Monteiro
(2003), antes de explicar o que é notícia institucional, retoma alguns recursos
do jornalismo. Alguns são apenas citados, e a outros são dedicados um espaço
maior.
Por exemplo, já que está sendo abordado
o conceito de notícia, pois antes de ser institucional, é notícia em si,
deveria ser discutido mais as teorias do agenda-setting
e principalmente, do newsmaking.
O conceito de notícia em si é explicado
de forma clara e concisa. Porém, o conceito de notícia institucional deixa a
desejar. A autora explica como ela pode surgir - através do interesse da
própria empresa ou da procura de jornalistas - explicita as estratégias para
aparecer na mídia, mas não deixa claro qual a diferença entre a notícia, como
os jornalistas e o público conhecem, e a notícia institucional.
Da mesma forma, o artigo não explora
alguma técnica para identificar o que é notícia institucional, nem quais
recursos o assessor utiliza para escrever esse texto. Ela se limita apenas ao
que não pode ser incluído, como informações sigilosas e dados que não são de
interesse da empresa para divulgação, já que podem causar algum tipo de dano à
organização.
Apesar dessa falta de aprofundamento,
ela explora de uma forma interessante o conceito de “novo”, pois tanto os
jornalistas quanto o público, muitas vezes ligam esse termo apenas a cem por
cento de novidade, quando esse “novo” pode vir de algo que já é conhecido pela
sociedade ou até mesmo de um outro resultado de alguma pesquisa científica ou
projeto em andamento.
Referências
ERBOLATO, Mário L. Técnicas de Codificação em Jornalismo. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes,
1978.
PENA, Felipe. Teoria do Jornalismo. São Paulo, SP. Editora Contexto, 2007.
MONTEIRO, França Graça in DUARTE, Jorge.
Assessoria de Imprensa e Relacionamento
com a Mídia. São Paulo, SP.Editora Atlas, 2003.
PERFEITO PARA O MEU TRABALHO DE CASA..
ResponderExcluirAdorei seu texto. Muito bom mesmo. Me ajudou bastante na revisão para a prova de assessoria de imprensa. :)
ResponderExcluir